terça-feira, 17 de julho de 2012

Anjos?


O bispo das Forças Armadas, D. Januário Torgal Ferreira, considera que o Governo liderado por Passos Coelho é “profundamente corrupto” e compara “alguns” ministros a “diabinhos negros”, por oposição aos “anjos” que integraram o anterior Executivo.
(notícia do dia)


Anta de Lamoso - Paços de Ferreira


              Sempre que um governo PS é arrumado, invariavelmente por indecente e má figura, logo começa por parte da gente desse partido e dos seus interesses a lavagem do passado, a construção do esquecimento, o apontar do futuro e desmaterialização da memória recente.
A figura central da tragédia é removida para um altar distante dos olhos do povo e a partir daí qualquer referência que se lhe faça será rebatida pela ignomínia de se falar dos ausentes. As sequelas que invariavelmente são a fome, choro e ranger de dentes, imediatamente são atribuídas a quem estiver no momento aos comandos, não importa há quanto tempo. Todo um coro de partidários, comentaristas irmanados, independentes comprometidos e interesses instalados em objectivos que só eles conhecem, vêm falar para que nunca se esqueça, de todos os nomes daqueles que, não sendo socialistas alguma vez governaram, e aproveitam para entremear com citações de difusos erros cometidos em altura incerta. Enquanto lembram uns outros, lavam a imagem dos seus. Semeiam nos espaços deixados pelo esquecimento que induzem, os esporos de um incómodo que querem que o povo associe aos partidos da direita.
A figura do pântano é chamada para dizer o que querem evitar. Nessa altura, os sapatos de qualidade e bem engraxados já patinam no lodo que avança por todos os lados, uma humidade fétida já lhes trepa pelos fatos de corte excelente. O partido garante que ninguém olha para o chão, todos sabem para que servirá o lodo no momento seguinte
Ainda alguém se lembra de António Guterres? O homem bem-falante, de resposta rápida e assertiva, o “homem bom” que tudo deu sem olhar a quem; já ninguém fala dele! Os seus governos não são nunca referidos, o seu tempo foi contraído numa pequena e insuspeita virgula que se pode pôr aqui ou ali. O mesmo farão com Sócrates, que um dia voltado do exilio do padrinho (Soares), estará completamente desligado do seu tempo e será lembrado com saudades dos tempos menos maus face aos tempos que lhe sobrevieram.
Ao ver o governo, que lá está há pouco mais de um ano, já tão acossado e tão culpado e tão mal comparado aos que lhe antecederam, nem dá vontade de lhes bater o que merecem.
Ao ver essa improvável figura dita bispo das forças-armadas, sacramentar com os pútridos óleos da confusão, uma comparação entre estes e os anteriores, fica parva a minha alma mas não me tolda o espírito. Que diga que estes são corruptos, bem o pode fazer desde que explique porquê. Que para isso tenha necessidade de começar por fazer dos anteriores “uns anjos” já me parece que é um dos tais arregimentados para semear no sítio dos esquecimentos os implantes da mentira.
Para confrontar os que lá estão com as suas responsabilidades, ninguém deve ter necessidade de começar por lavar as culpas dos governos socialistas. Se o faz é porque tem interesses que não declara. Pode um homem da Igreja Católica trabalhar para o PS do aborto livre e subsidiado, para o PS do casamento de pessoas do mesmo sexo, para o PS da destruição da soberania do povo?
O povo anda confuso, e tem razões para isso. Com pastores destes é bem melhor que tresmalhe do que ser levado ao abismo pela certa.

(Isto sou sem paciência para papar sempre do mesmo)

2 comentários:

  1. Depois de ler o teu penúltimo parágrafo fico para aqui a pensar que querem mesmo confundir e enlouquecer toda a gente. Irra que é demais.
    Um grande abraço.

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    1. Não se aguenta de tantos sinais controversos. Quando exército já estava em redução acelerada com corte de meios e extinção de unidades, fez-se a inclusão das mulheres com todos os custos associados e consequente adiar da maternidade em umas tantas raparigas! Quando a maioria dos clubes de futebol enfrenta uma iminente ruptura com a sustentabilidade, promove-se o futebol feminino o que adia os projectos de maternidade em mais outras tantas. Ninguém se atreve a contrapor com uma palavra que seja. Entrou em cena um novo deus – o deus da igualdade em todo o caso – um falso deus, mais um, porque não há igualdade nenhuma nem é com falsos princípios que se resolvem problemas reais das pessoas.
      Já se faz tudo para nos mandar de novo para eleições. Está tudo louco, sem memória, sem nada em que se focar. Até a Igreja, deixou de ter uma voz activa nos assuntos em apreciação em cada momento, e só deixou a porta aberta para que membros enlouquecidos pelo ruido de fundo façam ainda mais ruido.
      Estamos cada um por si, meu amigo. Quem observa o mundo e tem a sorte de saber ler e escrever (somos tão poucos) tem a obrigação de se abrir e deixar dito de forma serena, em qualquer lado onde chegue quem procura, palavras de verdade, coisas simples como são no fim de contas as verdades.
      A primeira consequência desta tormenta que nos atinge foi o abalar do sentido crítico. Na comunicação social os poucos que falam sem interesse pessoal na coisa e têm conhecimentos e condições para chegar ao grande público, como sejam o Camilo Lourenço, o José Gomes Ferreira, o Medina Carreira, o Martim Avilez Figueiredo, a Constança cunha e Sá, o António Barreto, a Teodora Cardoso etc., ou são obrigados a aceitar a presença contraditória de palhaços comprometidos, ou levam os mesmos créditos que qualquer desclassificado palrador levaria.
      Caro Luciano, não me posso deixar vencer pelo excesso de ruido. Há sempre um caminho que é o mais certo.
      Abraço.

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