quarta-feira, 11 de julho de 2012

Agora a sério


Saída ao fundo
              
           Para se ser trolha anda-se uns anos a carregar massa. Para se ser médico, tira-se uma média impossível, entra-se num curso cheio de competidores e percorre-se uma autêntica via-sacra. Para ocupar um lugar respeitável numa empresa anda-se anos a mostrar trabalho e resultados.
Ao mesmo tempo, para se ser político basta querer muito, acreditar que se tem dotes inatos para gerir a vida dos outros, saber quais as botas que são de lamber, gostar de jogos palacianos e coisas assim apatetadas.
Temos na política pessoas boas, poucas, mas temos. Raramente são os que começaram pelas jotas, geralmente são pessoas convidadas para o clube para legitimar e justificar o aparelho.
Seja como for, as leis que nos regem são feitas por esse tipo de gente pelo que não há maneira de sair disto. É o que temos; é isto que temos de gerir, é o nosso tempo e a nossa vez, mais nada.
Quem deixa correr não tem que se espantar com o curso que as coisas tomam. Quem faz correr não pode ficar-se pelo impulso inicial, mas acompanhar a coisa na corrida. No fim de contas, é a vida.


4 comentários:

  1. Caro Zé Maria.
    Para falar a sério, eu já nem sei se isto de política é para ser levada a sério, se para rir ou pura e simplesmente para chorar.
    Se não há como sair disto, como poderemos ver a luz ao fundo do túnel?
    Beijinhos, ainda esperançados...:)

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    1. Minha cara amiga, quanto mais reflicto sobre todas estas coisas que nos têm acontecido, mais me convenço que todos nós arrastamos boa parte da culpa, a suficiente pelo menos para não culpar o “diabo”.
      Quando o Paulo Macedo entrou para as finanças, pela mão do sinistro Sócrates, estabeleceu as penhoras automáticas, uma monstruosidade inaceitável num estado de direito (coisa que ora somos, ora não somos). Nessa altura fui obrigado a engolir a minha estupefacção perante a passividade de um povo que só pia quando a desgraça lhe bate à porta; batendo à porta do lado, até foi uma sorte…
      Agora o mesmo senhor, mandado explorar a sua eficiência para a saúde, ensaia a compra de trabalho humano em pacotes e pelo preço mais baixo! E quem se queixa? – Os directamente afectados, pois! Todo o resto, outras classes profissionais, outras instâncias, outros poderes, no fim de contas – nós – tudo assobia para o lado.
      É claro que isto que ocorre agora são só estertores, mas quando na passagem de século fechava uma fábrica têxtil ou de sapatos e o comentário oficial é que não fazia mal porque eram sectores de pouca tecnologia ou de pouco valor acrescentado e todos assobiavam para o lado, aí, nessa altura, nem era crime – era pecado – termo entretanto extinto por incompatibilidades políticas.
      Cara Janita, não estou acomodado; absorvi a informação disponível e, sabendo desde o fim da adolescência que não vou mudar o mundo, confronto serenamente o mundo com a sua imagem obtida de forma honesta (livre de espelhos de galeria em feira popular). Mantenha as suas esperanças, mas não se deixe mover por elas – só são boas para projectar a nossa moral, o que só serve para serviço interno (espiritual). Guie-se pela percepção do mundo físico, cautelas e caldos de galinha nunca fizeram mal a ninguém.
      Eu ando azedo, isto passa.
      Espero que esteja refortalecer-se depois do susto; tenho presentes os amigos nas minhas orações.
      Beijinho

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  2. Somos todos culpados sim. O povo é demasiado permissivo e está-se nas tintas para o infortúnio alheio. Tomemos só este exemplo: Quantos de nós é que já tiveram a oportunidade de assistir, pelo menos uma vez na vida, a um roubo por esticão? E quantas dessas pessoas fizeram algo para o evitar? Penso que não é preciso dizer mais nada. :(
    Um abraço.

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    1. É verdade, passa por aí também. A cunha que nos serve é uma bênção, e o gajo que nos deu a "mãozinha" até é uma tipo fixe e leva um presunto e uma dúzia de ovos caseiros. No futebol qualquer um identifica nunca menos de 10 situações de penalti a favor da sua equipa, as situações de fora-de-jogo são avaliadas ao centímetro, etc.
      Quando o "presidente da junta" manda pôr parquímetros em frente do WC público não aparece nem uma dúzia de cidadãos para lhe importunar o almoço - seriam acusados de querer entrar de carro na latrina e todos os peões linchariam de bom grado os condutores, esses "assassinos e poluidores"!
      Somos europeus, estivemos sempre na frente - as culpas que há são nossas.
      Soubemos pôr o Papa de joelhos a pedir desculpas ao mundo (tão progressistas e evoluídos que somos), devemos então saber identificar os nossos problemas e corrigi-los.
      Um abraço.

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